Amazônia – e Polônia, Alemanha, Grécia
Uma grande jornada é feita de muitas, pequenas e sucessivas partidas e chegadas. No penúltimo dia, enfrento uma hora de ônibus Belém adentro, ou Belém afora, cada vez mais longe do centro, vendo os mais que brasileiros condomínios fechados ao lado das mais que brasileiras favelas. A idéia é buscar uma Amazônia mais profunda e menos plastificada.
A primeira chegada do dia é no cais de Icoaraci – um subúrbio desenvolvido, algo como uma Mangabeira tomada pelo technobrega e cheia de artesãos de uma cerâmica marajoara fora de tempo e de lugar. Lá, pego o meu pó-pó-pó – barco com motor de popa meio precário, mas com capacidade pra umas 50 pessoas sentadas na sombra – para Cotijuba, ilha onde não há automóveis, e onde supostamente encontrarei o que procuro.
Embarcado, descubro que não trouxe bateria para a máquina fotográfica. Estóico, pondero que a ausência de imagens tornará a experiência ainda mais única (vide post benjaminiano anterior). Livres agora da terra firme com seus turistas, meus olhos continuam a buscar, algo ansiosos, essa Amazônia pura, que é facilmente corporificada numa moça bonita, de feições indígenas. Só então percebo o quanto tantos brancos pretos mulatos caboclos vinham me furando a vista (em tempos de Bauman: exemplo perfeito do sujo, entendido como o fora de lugar, e oposto à pureza).
Mas então – amém! – lembro também de Nunca aos domingos, e de seu literato em busca de uma Grécia impoluta e idílica, cuja corporificação feminina afinal se desfaz, sonho que era. E assim se desfaz a minha Iracema, com sua sandália Melissa.
Desisto da busca; entendo que, se tirar todas as camadas deste repolho, terminarei sem nada nas mãos – o que logo seria confirmado na tal ilha.
A primeira chegada do dia é no cais de Icoaraci – um subúrbio desenvolvido, algo como uma Mangabeira tomada pelo technobrega e cheia de artesãos de uma cerâmica marajoara fora de tempo e de lugar. Lá, pego o meu pó-pó-pó – barco com motor de popa meio precário, mas com capacidade pra umas 50 pessoas sentadas na sombra – para Cotijuba, ilha onde não há automóveis, e onde supostamente encontrarei o que procuro.
Embarcado, descubro que não trouxe bateria para a máquina fotográfica. Estóico, pondero que a ausência de imagens tornará a experiência ainda mais única (vide post benjaminiano anterior). Livres agora da terra firme com seus turistas, meus olhos continuam a buscar, algo ansiosos, essa Amazônia pura, que é facilmente corporificada numa moça bonita, de feições indígenas. Só então percebo o quanto tantos brancos pretos mulatos caboclos vinham me furando a vista (em tempos de Bauman: exemplo perfeito do sujo, entendido como o fora de lugar, e oposto à pureza).
Mas então – amém! – lembro também de Nunca aos domingos, e de seu literato em busca de uma Grécia impoluta e idílica, cuja corporificação feminina afinal se desfaz, sonho que era. E assim se desfaz a minha Iracema, com sua sandália Melissa.
Desisto da busca; entendo que, se tirar todas as camadas deste repolho, terminarei sem nada nas mãos – o que logo seria confirmado na tal ilha.
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