Quando Zé Celso olha nos seus olhos e diz 'bora', você simplesmente vai
Não chamaria o teatro do Oficina de experiência única, inigualável, inesquecível, mesmo ele sendo tudo isso. Não diria que é viver o que Lygia Clark e Hélio Oiticica propuseram, mesmo sendo isso e mais. O melhor é evitar o oba-oba e vê-lo no que ele tem de melhor: o fato de que é extremamente expressivo ao utilizar uma linguagem extremamente funcional.
Depois do fim de semana passado, percebo como contar 'Os Sertões' é cheio de dificuldades, e realmente não sei se seria possível fazê-lo no teatro-padrão, com bom efeito. Não consigo pensar canhões disparando contra igrejas realisticamente, num palco italiano, nem pensar toda a imensa dor de um povo reduzida a uma única mulher gritando, numa montagem minimalista. Depois que me vi envolvido no sangue e na areia do sertão, depois que os soldados passaram todos sobre minha cabeça, e deles só vi as sombras, depois que estive no meio do fogo cruzado de sementes de melancia, (depois que o cara de costeletas me deu uma bela pegada) só consigo achar que menos seria apenas isso: menos.
A montagem é cansativa e dispersiva, por vezes, atira em alvos fáceis demais, como Rosinha Garotinho e Condoleezza Rice, e no fundo está sempre presa à mundivisão de um diretor e sua trupe: imagino as próximas 15 montagens do oficina todas com orgias. Mas é assumidamente isso mesmo. Eles estão ali com o que têm e o que acreditam, estão ali mostrando o cu, e seria negar a si mesmo não comparar a própria resistência ao Shopping Silvio Santos com a resistência de Canudos.
Se ainda não fui suficientemente claro: vale não pelo que tem de experimental; vale porque a experiência dá muito certo; porque todo o som e a fúria funcionam; porque invade o participante por todos os buracos do corpo, e mexe fundo lá por dentro.
Depois do fim de semana passado, percebo como contar 'Os Sertões' é cheio de dificuldades, e realmente não sei se seria possível fazê-lo no teatro-padrão, com bom efeito. Não consigo pensar canhões disparando contra igrejas realisticamente, num palco italiano, nem pensar toda a imensa dor de um povo reduzida a uma única mulher gritando, numa montagem minimalista. Depois que me vi envolvido no sangue e na areia do sertão, depois que os soldados passaram todos sobre minha cabeça, e deles só vi as sombras, depois que estive no meio do fogo cruzado de sementes de melancia, (depois que o cara de costeletas me deu uma bela pegada) só consigo achar que menos seria apenas isso: menos.
A montagem é cansativa e dispersiva, por vezes, atira em alvos fáceis demais, como Rosinha Garotinho e Condoleezza Rice, e no fundo está sempre presa à mundivisão de um diretor e sua trupe: imagino as próximas 15 montagens do oficina todas com orgias. Mas é assumidamente isso mesmo. Eles estão ali com o que têm e o que acreditam, estão ali mostrando o cu, e seria negar a si mesmo não comparar a própria resistência ao Shopping Silvio Santos com a resistência de Canudos.
Se ainda não fui suficientemente claro: vale não pelo que tem de experimental; vale porque a experiência dá muito certo; porque todo o som e a fúria funcionam; porque invade o participante por todos os buracos do corpo, e mexe fundo lá por dentro.
2 Comments:
É UM EXAME DE TOQUE!!
(desculpe)
sua cia faz falta em recife.
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