Pra parecer que tudo está bem, um texto escrito há uma semana
Depois de meses morando na Barra o encanto não se quebra. Pra quem ama a cidade enquanto ente abstrato, enquanto “a cidade”, isso aqui é o lugar pra ficar. Eu com meus discursos eternos de urbanidade, de comércio e serviços na calçada de casa, de andar a pé e conseguir resolver tudo, me sinto em Nova Iorque com a barraquinha de frutas na esquina, o café na outra, a padaria na outra, correio e papelaria no mesmo quarteirão, mercadinho e laticínio em frente de casa e por aí vai. Saio na rua e me surpreendo com algo sempre novo, noto a lavanderia com a bandeira do arco-íris e ouço conversas em três idiomas estranhos-familiares no meu caminho para o ponto de ônibus. E em nada desse discurso eu preciso recorrer aos clichês da praia, da vista e do farol aqui ao lado. E então fico me perguntando que espécie de cegueira ou insensibilidade ou burrice pode levar uma pessoa a se trancar em condomínios ou quetais, podendo viver a vida de um bairro real e vivo.
2 Comments:
acho que a questão é que cada idade e classe social vive a cidade de forma diferente. já prestou atenção que um adulto entre 40-50 anos, classe média alta, sente um medo muito maior pela cidade do que pessoas da nossa idade (rima involuntária)? a violência urbana é terrível mesmo, no entanto, as pessoas dessa camada social sentem um pânico quase histérico. elas perderam o senso do real e daí se trancam.
Cristiano tenho de conversar mais com vc... às vezes vc percebe coisas que ninguém consegue.
Mas continuo concordando com Ju... Nada como andar livremente.
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