Arte pública em Salvador 2
É Salvador, mas aqui também faz chuva e vento. Ontem à noite, fez até frio. Bela noite de sábado: em casa, lendo textos para o mestrado. E o que é mais incrível: eu estava absolutamente tranqüilo com isso. Provavelmente, por causa do maravilhoso Porto da Barra, de que eu já falei tanto. Numa nesguinha de sol, por volta da 1 da tarde, e de novo de forma inesperada, lá estava eu, sentado, tomando cerveja e banho de mar. Foi suficiente pra um dia repleto de satisfação.
Segundo alumbramento do sábado: pinha: precisei morar em Salvador pra comer pela primera vez essa fruta tão prosaica e comum, mas digo: é tão bom quanto pitanga. Toda a conversa do gosto tridimensional, diferentes camadas, matizes e tons de sabor sobrepostos – uma pinha é tudo isso.
Continuando o raciocínio do último e longíquo post, uma imagem que não é grafite. O suporte é o mesmo, a urbanidade é a mesma, até o fato de que a cidade se torna melhor é o mesmo. Neste exemplo, o tema é inclusive inócuo. Mas eu adoro esses mosaicos que se espalham nos muros de pedra daqui por dois motivos que levam a um mesmo fim. Primeiro, o muro continua lá, visível com sua pedra irregular. O mosaico se sobrepõe mas não cobre (não nega figurativamente) a aspereza que é do muro e é também da cidade. Segundo, se mosaico em si é fragmentado, quando ele se coloca apenas como linha, deixando o fundo livre, sua fragmentação fica exacerbada. Essa precariedade reforça o que eu entendo como uma desejável estética precária da cidade precária. Expressiva, relevante, mas ao mesmo tempo incômoda.
2 Comments:
Bom a pinha é uma fruta gostosa, não tanto quanto a graviola. Eu não gosto de pitanga. Quanto aos mosaicos eles não me amedrontam, mas nem todos me fazem felizes.
pinha é do demônio.
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