quarta-feira, dezembro 26, 2007

Como já dizia Laura,


Fui ali ser feliz. Volto no ano que vem.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

João Pessoa entre Narciso e Dorian Gray (o tal texto do concurso...)

João Pessoa anda embriagada de sua formosura. Qual um Narciso seduzido por si próprio, e irremediavelmente preso à sua imagem refletida, a cidade se agarra às palavras que pintam sua beleza – mas esquece a beleza real por trás das palavras. E com isso corre o risco de, assim como Narciso, morrer afogada em sua própria imagem.

Gabamo-nos da cidade antiga sobre o rio; da orla aberta ao sol; da tanta sombra das árvores; da facilidade de ir e vir; de poder parar nos sinais de trânsito com os vidros abertos... Mas gabamo-nos de que, mesmo?

Meu olhar estrangeiro tem visto engarrafamentos e assaltos cada vez mais constantes; tem visto casas coloniais e modernistas virem ao chão, mortas de abandono e ganância. Minha pele tem sido ferida pela aridez dos bairros novos e pela desertificação das ruas centrais (eu não preciso de palmeiras estéreis espremidas em canteiros de avenidas; preciso é de gameleiras, em praças). Minha insônia piora com o verde virando cinza, nos vales do Jaguaribe e do Timbó, pouco a pouco cobertos de cimento, plástico e incúria. Minhas pernas não podem mais com as distâncias de uma mancha urbana que se espraia por rodovias bastante próprias a motores e rodas, mas não a pés.

Não, não é acaso, ou moda, que tantas pessoas abram mão dos espaços em que cresceram e viveram, e os troquem por esses simulacros deprimentes de cidade que são os shoppings e condomínios fechados – é a cidade que tem ficado dura.

O tempo está passando e corroendo a face da João Pessoa real. Porém, como se ela fora um Dorian Gray às avessas, sua imagem permanece sedutora nos discursos do senso comum, da imprensa, dos corretores imobiliários e dos agentes de turismo. Afinal, como vendê-la senão enquanto última capital idílica do Nordeste?

Cumpre escolher vê-la sem máscaras. Cumpre viver o desafio de sair do torpor insípido em que nos metemos, e usar da reflexão crítica aparentemente amarga para provar a fertilidade agridoce da ação. Ou então esperar, e assistir a este Dorian Gray de concreto, cerâmica e asfalto terminar por se transformar num cadáver desfigurado – mas com um retrato eternamente belo.

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Caham


(algo envergonhado, mas feliz)

O sebo cultural fez um concurso livre de textos sobre João Pessoa, sob o título Um sonho de feliz cidade, com a idéia de reunir uma grande quantidade de contribuições em forma de livro. Mandei algo escrito em uma noite, contendo questionamentos que vinham me acompanhando já havia alguns meses, e que se tinham tornado mais fortes por causa de todo o oba-oba em torno do aniversário de cidade. Basicamente, me incomodava com o delírio auto-celebratório dos pessoenses e sua simultânea cegueira diante dos problemas reais da cidade.

Fiquei feliz quando soube que meu trabalho tinha sido selecionado pra compor o livro. Mas fiquei ainda mais feliz quando soube que tinha tirado em segundo lugar entre os concorrentes, com direito a um pequeno prêmio em dinheiro (que vai fazer meu Natal muito mais gordo) e ainda um belo crédito em livros lá do sebo.

Ê.

Agora é pôr no jornal, no vitruvius, nos muros, pra ver se as pessoas acordam. E ainda não vou postá-lo por aqui, pra criar uma certa expectativa. Há.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Mais um ciclo se completando, completando, completando...

Os ipês da Lagoa estão secando de novo, mas já não me põem mais medo; pelo menos, não medo de que morram.

Como descobri no Natal passado, eu sei que eles estão apenas encolhidos, armando o bote para nos surpreender (e isto é inevitável) com sua orgia amarela.

Deus queira que coincida com a estada de Leo por aqui, pra ele conhecer o melhor da cidade.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Em uma tarde depois de uma manhã de sol

I.
Quando escrevo, me jogo, porque sei voar.
E se vôo às vezes pesado, com demais voltas, é por inocência que se lava com a recostura da mesma, agora nova, trajetória.

II.
Eu me esborracho.
Porque sou homem, Ícaro, Dédalo, e do descomedimento não se escapa.

sábado, dezembro 08, 2007

Como se faz uma tese


1. Desfie todos os seus pensamentos, fichamentos e documentos em pequenas tiras.
2. Disponha os pedacinhos de idéias em post-its de diversas cores e tamanhos.
3. Reorganize tudo de forma que pareça fazer sentido, na parede do seu quarto.
4. Trace linhas no grande painel formado, dividindo o mosaico em capítulos.