segunda-feira, julho 17, 2006

Pra parecer que tudo está bem, um texto escrito há uma semana


Depois de meses morando na Barra o encanto não se quebra. Pra quem ama a cidade enquanto ente abstrato, enquanto “a cidade”, isso aqui é o lugar pra ficar. Eu com meus discursos eternos de urbanidade, de comércio e serviços na calçada de casa, de andar a pé e conseguir resolver tudo, me sinto em Nova Iorque com a barraquinha de frutas na esquina, o café na outra, a padaria na outra, correio e papelaria no mesmo quarteirão, mercadinho e laticínio em frente de casa e por aí vai. Saio na rua e me surpreendo com algo sempre novo, noto a lavanderia com a bandeira do arco-íris e ouço conversas em três idiomas estranhos-familiares no meu caminho para o ponto de ônibus. E em nada desse discurso eu preciso recorrer aos clichês da praia, da vista e do farol aqui ao lado. E então fico me perguntando que espécie de cegueira ou insensibilidade ou burrice pode levar uma pessoa a se trancar em condomínios ou quetais, podendo viver a vida de um bairro real e vivo.

sábado, julho 15, 2006

Ligue o foda-se e seja feliz

Parte 1, sexta à noite

Meus fins de período são sempre fins de período. Provavelmente se um dia for professor, eles vão continuar sendo fins de período. Talvez até quando eu for aposentado eles continuem vindo como o natal e os verões, só que sem data certa. Não sei se é um estranho vício, uma falha minha ou uma contingência da vida, ou os três deles, mas todos os trabalhos sempre caem em cima da minha cabeça na última hora, e o que é pior, caem sempre junto com atividades extras. Nessa que é minha última semana, me aparecem um artigo pro jornal, um resumo prum congresso, e um processo de tombamento... Não é por acaso a parede cheia de papeizinhos e lembretes.
E o que fazer? Somente chutar o pau da barraca, lembrar que hoje é uma promissora sexta-feira, que a verdade está lá fora... e se jogar!

Parte 2, madrugada da sexta para o sábado

Uma pequena brasa no escuro. É na verdade a ponta de uma piola de cigarro no chão. Há pés nesse chão e eles se mexem. Vou percebendo que há som, som alto e que o movimento dos pés é dança. Então noto que meu corpo também se mexe, e que isto tudo é uma boate chamada Borracharia. Nos fundos de uma borracharia, mas coisa fina. Embora não tão fina a ponto de ter um banheiro limpo.
Perceber o mundo na ordem inversa, da brasa pro todo, foi um baque, mas foi só um pequeno lapso depois de dançar como se fosse a primeira e última vez. Do jeitinho das dançadas mais intensas, de mais pura entrega ao ritmo, do passado. Como se fosse uma seqüência perfeita das canções certas na Non Stop e no Sanatório.

domingo, julho 09, 2006

Sobre fins de semana



Eles passam muito rápido, como aniversarios, bandejas em coquetéis e tantas outras coisas amáveis nessa vida. O que agora corre, mal deu pra entrar no clima e já em uma segunda-feira batendo na porta.

Acho que ter tido aula no sábado de manhã e então dormido sem parar até sete da noite, pra depois estudar direto até quatro da manha com certeza ajudou o meu fim de semana a se reduzir a um almoço no Pelourinho. Na verdade, fomos atrás de um suposto concerto na Catedral às 11h, mas aí demos com essa beleza de porta... fechada!

Não que eu possa reclamar de um almoço no Pelourinh, com amigos legais e todos os meus motivos pra estar em Salvador, lá, bem visíveis. Mas é justamente isso, é curto, é pouco. Nem pra entrar no MSN e falar com as pessoas dá tempo. Ontem, às quatro da manhã, só Rodrigo Gordo estava online... Como é que pode isso?

quinta-feira, julho 06, 2006

Idéia genial

Monique faz doutorado aqui, é mais velha e por isso os grandes amigos dela, que vêm acompanhando a vida dela desde sempre, têm grana. Os meus amigos só estão começando a ganhar dinheiro agora (isso os médicos, porque os outros... sem previsão!). Mas vale a pena começar a pensar...

Eles estão juntando uma grana todo mês (tem uma economista no meio dos amigos) pra fazer uma vilinha pra todos eles morarem um do lado do outro quando ficarem velhos e os filhos forem embora, ou não tiverem nascido. Não é genial isso?

terça-feira, julho 04, 2006

O nosso Central Perk


Mais uma terça-feira, dia de ficar em casa, supervisionar a lavagem de roupas e supostamente produzir bastante. Rosângela, a lavadeira, estava com cara de pouquíssimos amigos, lavou a roupa rapidinho e dez e meia foi embora.

Mais uma tarde fria nesta terra supostamente tropical, e mais tempo perdido dormindo no meio do caos e do horror do fim do semestre. Acordei e... fui perder mais tempo caminhando na praia, com direito a uma parada no Café do Porto. Sempre é só sentar lá que passa alguém, chega alguém, senta junto. Dessa vez foi Carol. É mais ou menos nosso Central Perk.

Em alguns intervalos, lidas rápidas do começo da Teoria do Restauro de Brandi e em um textinho curto sobre monumentalidade ("leitura de banheiro", foi nossa definição de ontem). O que significa que se eu não produzir muuuito hoje de noite, foi mais um dia que escorreu pelos dedos...

Personalidade do dia: Bell Marques, fantasiado de Bell Marques, com seu segurança, fazendo cooper na orla, vindo em nossa direção.