sexta-feira, agosto 14, 2009

Alea jacta est

Cris deve ter uma expressão melhor para descrever a situação do que o velho "a sorte está lançada". O fato é que as engrenagens estão se movendo, alguém desencadeou o processo, e não se pode mais pará-lo. Vamos ver no que vai dar.

Dias atrás, coloquei no meu orkut: "Marina Silva Presidente do Brasil". Tinha acabado de ler num blog sério que ela estava sendo sondada pelo PV neste sentido, achei o máximo, aderi. Nos comentários do blog, alguém que chamei espírito de porco advertia: "jogada do PSDB".

Hoje, temo pelo que escrevi. Ainda acredito demais na senadora, na sua capacidade, integridade, força. Mas acabo de ler que Marina efetivamente cogita sair do PT, ser candidata pelo PV... e Aécio Neves já propagandeia o quanto deseja uma aliança com ela, "se não no primeiro turno, no segundo".

Sim, era uma jogada do PSDB, Marina comeu a corda, e eu espero que o Brasil não pague por isso.

segunda-feira, agosto 10, 2009

Egípcia


Vi a senhora na rua, parei o carro mais à frente, fiquei à espreita para fotografar tanta dignidade.

Isto feito, lembrei do que eu falara de Verger: em vez de roubar fotos, ele as fazia de frente, com a consciência, anuência e pose dos retratados. Hesitei, encontrei uma coragem que não julgava ter, e fui pedir à senhora que ela posasse pra mim - mas ela me ignorou, nem respondeu, e seguiu andando.

Agradeci à minha covardia pela primeira foto, de contrabando.

quarta-feira, agosto 05, 2009

A hora é aquela: seu amor dorme, seus pais dormem, o médico da família dorme. O guarda da esquina foi guardar outro bairro, já faz anos. Lá fora, o breu, aqui dentro, o maior frio.

Aves medonhas assobiam, por todos os lados do prédio. Você fica longe da janela, pra não vê-las, mas sabe que são descomunais e pretas. Você fecha os olhos, e elas giram bem perto de sua cabeça.

sábado, agosto 01, 2009

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E, sabe?, 'Cantada' ainda é novo pra mim, meu chão está no 'Maritmo', que, descobri, já vai com mais de 10 anos. Ah, sim, agora lembro, era mesmo um adolescente voltando do shopping com os pais e ouvindo intrigado aquela guitarra inicial.

Já faz tanto tempo tudo, e eu ainda na mesma esquina, com cara de quem perdeu o bonde. Encontrando milhares de pequenas luzes, e não as usando pra ver o caminho de volta. Na chuva, esperando mamãe.

Ficção

Duas vezes onze mais três homens estão no campo. Correm atrás da bola e sem ela, suam, vão na canela. O juiz juíza, os bandeirinhas bandeiram. No time cinza, um empurra a cadeira de rodas de outro, que vai meio de olhos fechados, cara de bêbado, cansado ou não-dormido. Não parece que está muito lá.

Os outros cinzas se esfalfam pra passar pelos azuis, trazer a bola pra área, cruzar. Nesta hora exata, o da cadeira abre os olhos, levanta, pula e cabeceia direto pro gol. Certeiro como quando ainda era vivo, era gente.

Sorri, espremido entre a glória do que restou e a miséria do que perdeu.