quarta-feira, julho 30, 2008

The bends de memória

where do we go from here? alone on aeroplane, falling asleep against the window pane, my blood will thicken

I wish to wash myself again to hide all the dirt and pain, cause I've been scared that there's nothing underneath

I'm just lying in a bar with my drip feed on talking to my girlfriend waiting for something to happen. I wish it was the sixties , I wish I could be happy, I wish I wish I wish that something would happen

have I benn sinking THIS LOW

sábado, julho 26, 2008

Desejo e lírica: o fazer artístico enquanto possibilidade de semantização do espaço contemporâneo

Uma piada longa, e não mais que isso, para brincar de Seminário CorpoCidade. Será que eles aceitariam o resumo?







A comunicação proposta expõe os registros fotográficos resultantes da performance Pagan Poetry, e discute, a partir daí, uma possibilidade de enfrentamento do progressivo esvaziamento de sentido do espaço e do viver contemporâneos.
A seqüência de oito imagens mostra o artista em uma seqüência de lugares despidos de significado específico (os não-lugares mais clássicos), como ônibus, aeroportos, aviões e banheiros públicos. No percurso, ele reproduz, caligraficamente, em seu próprio corpo, fragmentos de textos de amor.
Assim, gera-se um contraponto entre a seqüência de espaços desconexos (uma cartografia do vazio ou uma não-cartografia) e a escrita sobre o próprio corpo, plena de reminiscências pessoais (uma cartografia do desejo ou uma corpografia). Juntos à pele escrita, objetos como poltronas, bilhetes de bagagem e mesas ganham novo significado, e os próprios espaços genéricos ganham um rumo.
A intenção de criar rumo-sentido em meio à sua ausência se evidencia pelo fato de que as imagens começam num espaço doméstico e terminam numa escola, lugares significativos e pessoais que enquadram os não-lugares atravessados. O percurso chega a um destino, encontra o lugar desejado, leva ao desejo – estaria o artista indo ao encontro de seu amante?
A partir daí, podemos entender o rumo encontrado como possibilidade de enfrentamento de um mundo em que os espaços são cada vez mais despidos de um sentido próprio e físico. A exposição tão próxima, e mesmo confundida, da carne e do traço, do desejo e da criação (citação óbvia à cantora islandesa Björk e ao cineasta inglês Peter Greenaway) parece colocar uma solução que passa pela fisicidade pura do próprio corpo, do objeto artístico – e do corpo feito objeto artístico.

quarta-feira, julho 23, 2008

Panfletando, pra não perder o hábito

Pra quem não sabe, Queer as Folk é um seriado gay originalmente inglês, regravado no Canadá pra ser passado na televisão americana, e que já acabou. De forma geral, acho interessante, não só pela historinha envolvente, mas porque mostra (parte da) diversidade do mundo gay e porque tem um posicionamento político próximo ao meu -- o de que a luta dos gays é para serem respeitados pela sociedade sem terem de fazer concessões à "moral e aos bons costumes". Mas também não vai muito além disso: alguns episódios alegram, outros entristecem, outros causam revolta, tudo dentro do esquemão previsível.

Até que eu vi o primeiro capítulo da quarta temporada e foi um grande soco no estômago. Passamos o episódio nos familiarizando com um travesti que abre diversas cenas cantando standards americanos. Pois bem: sem fazer parte da história, sem ser o mote para o "problema do dia", mas pelo contrário, quando tudo já está resolvido e os créditos vão aparecer, temos de assistir nosso conhecido travesti sendo espancado, sem motivo algum que não homofobia, enquanto vão se alternando com isso as imagens dos nossos personagens conhecidos, voltando pra casa sorridentes, e, o que é mais emblemático, também as imagens do travesti cantando, feliz demais, uma música animada.

Não me lembro de nunca terem sido tão bem mostradas a profunda dor e a profunda delícia que vêm sempre e ironicamente juntas nessa vida de veado.

The hills are alive...

sábado, julho 05, 2008

A noviça rebelde no divã

Vocês já se deram conta do quanto a noviça rebelde é infeliz e do quanto sua cantoria sem fim é uma tentativa quase esquizofrênica de negar isso?

A moça está lá no convento, mas não se adapta, é uma outsider... Em vez de cumprir as rotinas, vive fugindo para as montanhas, onde fica cantando e rodando sozinha – não é à toa que é expulsa. Quando isso acontece, vai trabalhar de babá, sem que nem se cogite que ela volte para casa. Ou seja, ou ela não tem pai, nem mãe, nem família, ou, o que é pior, a famíla existe mas a abandonou sem guardar qualquer espécie de contato. Por um motivo ou outro, ela foi largada no mundo e, uma vez acolhida no convento, termina por ser largada no mundo uma segunda vez, sem ter a quem recorrer. A caminho da casa dos von Trapp, ela canta "tenho confiança na própria confiança" – não resta nada do lado de fora para que ela confie. Assim, ela procura em si mesma algo a que se agarrar, e a canção segue com "tenho confiança em mim". Tanta música é a resposta que ela dá ao desamparo – é a ferramenta continuamente usada para tirar esperança do desespero.

Assim, os agudos ensandecidos de Julie Andrews ao fim de certas canções (I have confidence, Do Re Mi) e a ênfase missionária dada a algumas palavras (My favorite things) são extremamente adequados (na verdade, foi meu estranhamento diante da exasperação em canções aparentemente felizes que me levou a questionar o filme). Basta pensar cinco segundo nestas letras e percebe-se que nenhuma delas é realmente alegre: elas são receitas para superar situações desconfortáveis presentes. Cantar tão alto para encobrir a dor termina por ser a brecha que a revela.

Maria precisa da família que lhe falta. Neste sentido, é até natural que o convento não lhe servisse, por não preencher esta lacuna. Já na casa dos von Trapp, ela rapidamente assume o papel de irmã mais velha – demonstrando, simultaneamente, superioridade e cumplicidade, e ficando certamente mais próxima das crianças do que do patrão. Nesta posição, porém, ela não é aceita por ele, que já tem filhos em número suficiente, e cuja carência é de outra ordem (ele é viúvo). Assim, apenas transformando-se em mulher-mãe-esposa (saindo do lado das crianças para o lado dos adultos) é que ela encontra lugar junto ao barão, na casa, e na família.

O completar-se da vida de Maria diante do fato de conseguir uma família é marcado, na narrativa, por uma recapitulação dupla, unindo as pontas dos fios soltos, não resolvidos, daquela personalidade. Primeiro, a música que marca a nova situação, Something good, faz, já num momento avançado do filme, as únicas referências ao seu péssimo passado (wicked e miserable), que pode agora ser lembrado em paz (ela canta, com tranqüilidade, que "deve ter feito algo bom" para merecer seu presente). O casamento, que imediatamente se segue, é feito ao som do coral das freiras, marcando a reconciliação também com o convento.

Dito tudo isto, fica um pouco mais claro porque o filme é tão amado por senhoras virgens, gays sorridentes e desesperados em geral.

sexta-feira, julho 04, 2008

A ponte

"Ê, doutor, a gente não bebe cachaça só por causa de cangalha, não; a gente bebe por causa de prejuízo grande e de família também".

quinta-feira, julho 03, 2008

E depois me perguntam por que não gosto deste mundo

A grande e festejada notícia é que as FARC estão enfraquecidas, porque libertaram a franco-colombiana boazinha, mãe de dois filhos lindos. Muito de passagem, menciona-se que há mais 14 anônimos libertados. E, fora o governo brasileiro (que muito de vez em quando dá uma dentro), ninguém lembra que há outros 750 reféns.

O star system se alastra como um câncer.