sexta-feira, maio 26, 2006

Desculpas aos sites parceiros


Vimos por meio deste expressar nossas sinceras desculpas e arrependimento pelas faltas cometidas junto aos titulares dos sites parceiros Lado B/ Lado C e Disneyworld Blues, que recentemente tiveram comemorado seus aniversários natalícios, os quais não foram por nós devidamente notados em virtude de uma lamentável displicência. Isto não significa, de forma alguma, que os distintos blogueiros referidos ocupem uma parte menor de nossos coração e nosso HD. Ao contrário, os esquecimentos têm ocasionado profunda tristeza e constantes sessões de autolagelação que incluem caminhar sobre brasas e jantar cacos de vidro.

À parte isso, aproveitamos para dar início à série Arte Pública em Salvador, com a qual tentaremos mostrar e discutir um pouco do que emociona, inquieta, ou simplesmente embleza as ruas dessa cidade. À parte o total desconhecimento da matéria, há um interesse sincero por ela, e o estimulo dado pelo Seminário Arte/Cidade que se desonrola a poucos metros daqui, no auditório da faculdade.

A imagem de hoje fica no Rio Vermelho, numa ladeira, e pode representar um pouco do padrão do bom grafite de Salvador: integrado aos elementos urbanos (quase por definição), agradável e expressivo do ponto de vista plástico. Na verdade, a expressão, pelo uso de superfícies e cores, termina sendo quase sempre mais feliz e otimista do que seu conteúdo figurativo ou o contexto que a gerou. Cobrindo muros sujos com um painel contínuo de cor, vai se subvertendo uma realidade urbana/social em si dura, de uma maneira talvez por demais conciliadora.

Mas a discussão sobre a propriedade da relação forma-contexto/conteúdo na arte pública em Salvador continua. E registre-se como um compromisso da série que as fotos não serão photoshopadas, para tentar uma reprodução fiel.

domingo, maio 21, 2006

Ainda o cotidiano


Ontem à noite foi a grande festa de inauguração do apartamento, com umas trinta pessoas na nossa big sala, em nosso sofá cama e nas mesas que trouxemos do salão de festas. Pedimos presentes para a casa e em troca servimos um caldo verde muito gostoso (feito por mim com receita da minha mãe). Passei o dia hoje dormindo e na pós-produção, lavando e devolvendo coisas.

Melhores momentos: a coordenadora do mestrado, enfiada em nossa cozinha às três da manhã, juntando os restos de caldo pra esquentá-los em uma só panela; o síndico nos mandando bronca hoje, pelo porteiro; e o nosso vaso sanitário, que foi confundido com a Fontana de Trevi e ficou cheio de moedas que eu tive de tirar hoje de manhã, com a mão enfiada em três sacos plásticos...

sexta-feira, maio 19, 2006

Pizza


Uma piada esse mestrado. O povo é no mínimo tão irresponsável quanto na graduação. A aula é discussão de texto; sem todo mundo ler, não funciona. Aí chega o dia, ninguém leu, ficam uns com cara de paisagem, uns tentando adivinhar na hora de que se trata (então falam besteira, óbvio), uns falando de outros textos de outras aulas, só pra não se calarem... Até que enfim aparece um professor durão como Marco Aurélio e encerra a aula porque assim realmente não dá.

(Foto da pizza de comemoração da primeira bolsa que efetivamente entrou em minha conta. Minhas colegas de casa: Nádia, esq, e Carol, dir.)

segunda-feira, maio 15, 2006

Devagar, mas a vida anda


Idas e vindas e voltas, enrolação e post sobre post de uma mudança que nunca vinha mas veio. Garanto que essa é a última vez que o assunto vem à tona. Apartamento grande, todo assoalhado, com banheiros de mármore e o Porto da Barra logo ali do lado... Muito mais luxo do que nunca tinha tido, num mero apartamento de estudantes – certamente isso é inesperado. Já dá pra receber os amigos em grande estilo, portanto preparem suas malinhas e aproveitem a promoção de 79 anos da VARIG.

Tô dormindo numa cama que sinto minha, posso usar a geladeira inteira e andar em casa de toalha. Estou tendo com Carol e Nádia reuniões fundantes quase diariamente, resolvendo felizes questões da casa, das compras iniciais, de como vamos transformar isso tudo num lar, pendurando quadrinhos e fotos. Sim, resta muito o que resolver, pepinos e tal. Mas, continuando o raciocínio daquele dia em que sem mais nem menos fui pra praia (alguns posts abaixo), tenho me sentido mais livre, com poder de, tomando decisões, fazer coisas legais e ter horas legais. Sem ter que preencher um requerimento em três vias pra poder ser feliz sextas, sábados e domingos à noite.

De adicional, a bela vista pruma mata, de um lado, e pro Big Brother, de outro. Já posso brincar de Janela Indiscreta se quebrar as pernas e ficar em cima de uma cadeira de rodas...

quinta-feira, maio 11, 2006

Café com curitibanos

Três dias de intermezzo entre a casa velha e o lar doce lar: estou ficando na casa de Zé e Nadia, dois colegas do mestrado (Nádia está indo dividir apartamento com a gente). Sandrinha, a mulher de Zé e também arquiteta, está lá também.

Na verdade o apartamento com Dimitri e Carol furou, ficamos eu Carol e Nadia em outro, muito melhor e eu pagando a mesma coisa. Nos mudamos amanhã.

Então hoje tomamos café da manhã eu e o casal de curitibanos, e foi engraçado ficar olhando eles tomando “leiTE quenTE no praTO” exatamente como dois curitibanos.

Escrito na última noite na casa de Luciana

Nesses dois meses alugando quarto, o meu jantar nunca tinha cruzado com o de Dimitri e Cassiano, tudo ao mesmo tempo, mas nessa última noite aconteceu. E o resultado foi inesperado. Entramos mais ou menos ao mesmo tempo na casa, e sabíamos que era a última noite. Certamente foi isso o que fez com que o clima tenha sido quase harmonioso, e que Cassiano tenha sido quase suportável. O caso é que ficamos lá, jogando conversa fora, e quando vi, estava prolongando o papo além do jantar por estar me divertindo. Muito estranho, considerando o eterno desconforto de dividir um espaço não-meu com outros desconhecidos não-donos. Mas foi assim mesmo que aconteceu.

Mas que fique claro que não se trata de nostalgia do purgatório!!

domingo, maio 07, 2006

Canaviais e sapatos


Quando estive em João Pessoa pela última vez, estava havendo um encontro de Ciências Sociais na universidade e os meninos foram lá apresentar Veríssimo Prato Feito. Eu fui junto. Antes da peça deles, tivemos de esperar pela apresentação de um grupo folclórico (na falta de melhor nome) de algum bairro distante de João Pessoa.

Deu tudo errado nesta primeira apresentação. Não tinha ninguém (eles queriam que os poucos gatos pingados participassem), a luz e o lugar não ajudavam, os números foram repetitivos, e mesmo as músicas que poderiam ser interessantes se ressentiram muito mesmo da falta de melhores vocais e um instrumental melhor... um desastre. Mas mesmo assim houve algo que me tocou: as letras, que repetidas hoje por uma comunidade urbana, continuavam falando de um mundo rural, de canaviais, passado mas de certa forma ainda vivo. Talvez seja minha sensibilidade de observador sempre estrangeiro, mas eu senti como se aqueles pais, avós, bisavós, que criaram aquelas canções de trabalho, de lazer, permanecessem inteiros, com sua vida, suas coisas, seus afetos e seus cuidados, naqueles fragmentos mal-executados.

Aí eu li hoje, pruma aula de amanhã, uma coisa que Heidegger falou de uns sapatos pintados por Van Gogh, em A origem da obra de arte:

"Na escura abertura do interior gasto dos sapatos, fita-nos a dificuldade e o cansaço dos passos do trabahador. Na gravidade rude e sólida dos sapatos está retida a tenacidade do lento caminhar pelos sulcos que se estendem até longe, sempre iguais, pelo campo, sobre o qual sopra o vento agreste. No couro, está a humidade e a fertilidade do solo. Sob as solas, insinua-se a solidão do caminho do campo, pela noite que cai (...) Por este apetrecho passa o calado temor pela segurança do pão, a silenciosa alegria de vencer uma vez mais a miséria, a angústia do nascimento iminente e o tremor ante a ameaça da morte. Este apetrecho pertence à terra e está abrigado no mundo da camponesa."

Essa foi a minha experiência daquele momento. Sem tirar nem pôr. E eu fiquei todo embasbacado de como ele conseguiu escrever isto décadas atrás só pra definir o que eu sentiria naquela noite.

sábado, maio 06, 2006

Minha camisa com Jack Twist


Comprei uma simples camiseta cor-de-rosa na Riachuelo, acho que Cristhiano estava comigo, e nenhum de nós se deu conta de nada. Hoje, depois do banho, quando ia vesti-la, olhei para aquele cowboyzinho no meio de tanto rosa e me perguntei: será que um cowboy rosa tem alguma coisa a ver com Brokeback Mountain? (ainda bem que não me perguntei do "cowboy viado" da música...)

Pois estavam todos os elementos lá, apenas pedindo confirmação: a figurinha ocupando o lugar do 2, como a dizer "2 cowboys", o "69" numa alusão sexual meio imbecil, e um "WYO" que imediatamente me lembrou de Wyoming. Uma rápida conferida no Google, e, sim, o conto e o filme se passam neste estado. Batata! O cara fez a camisa realmente pensando no filme. Agora só resta saber o que significa o H no final.

Tirando a poeira do blog


Há um bom tempo eu não postava, ou não postava direito.

Isso tem muito a ver com o modo como minha vida tava andando, eu completamente absorvido pelos cuidados e trabalhos da saúde e do cotidiano. Ir a João Pessoa duas vezes seguidas em quinze dias com certeza também ajudou, mas o fato mesmo é que o último momento de lazer que eu tinha tido em Salvador fora ainda antes do atropelamento.... quase um luto mesmo.

Ontem eu fui pra praia e minha vida ficou um pouco mais nova. Talvez antes seja preciso dizer que arrumamos um apartamento pra dividir (eu, Carol e Dimitri), e que depois de acertar tudo ela me chamou pro Porto da Barra, ali junto. Mesmo cheio de obrigações, minha vontade foi tanta, o dia estava tão bonito, que eu fui e foi lindo. O forte de Santa Maria, a água, as pedras, as pessoas... de repente eu pude ter de novo o mundo como lugar de deleite, me deixando levar pelas sensações. Foi tudo tão simples, tão livre, que eu almocei um queijo de coalho assado com melaço, um picolé Capelinha e um hot-dog.