Maquete, de novo, sim!

No shopping Barra está em exposição uma maquete imensa de Salvador, mais de 100m², com predinho por predinho. Começaram a construí-la em 1972 e ela vem sendo ampliada a atualizada desde então. É muito novo e esclarecedor conseguir ver a cidade de fora. Em vez do raciocínio indutivo a que eu fico me obrigando, tentando criar modelos mentais que expliquem a relação da ocupação com o relevo, está tudo lá exposto, explícito, oferecido ao entendimento imediato.

Hoje eu saí procurando apartamentos com Zé e Nádia, dois colegas legais do mestrado. A gente viu dois apartamentos antigos, mobiliados, imensos, maravilhosos, ambos por 1200 reais por mês (o que é um preço bom para a localização deles), o que significa 400 reais por cabeça (que é o meu limite). Mas eles estão meio sem saber se querem se mudar agora e eu estou meio sem saber se quero gastar tudo isso por uma coisa que seria um luxo. Eu não preciso de tanto... só preciso saire daqui...

Enquanto não saio, quem quiser vir me visitar pode se orientar pela setinha da foto.

Vão dizer que a Bahia me fez místico

Hoje aconteceu uma coisa incrível: eu estava na orla, andando de carro com Dimitri, e a Barra foi atravessada por uma revoada de borboletas amarelas grandes. Eu digo: a gente estava em uma praia muito urbana, cheia de asfalto e com poucas plantas, e aí de repente aquela nuvem sem fim de borboletas. Todas elas com seu vôo meio sem rumo, como sempre foi no jardim da minha casa em Campina Grande.

E tem gente como Cassiano que as acha uns insetos estúpidos: "pra que uma asa tão grande e pra que tanta cor?" Tinha que ser ele mesmo. Dá vontade de responder: "Pra poder dar uma nota de sonho ou de fim de filme-cabeça a uma manhã absolutamente comum numa cidade cada dia novamente nova".

Dimitri é o outro cara que mora lá no apartamento. Finalmente alguém normal e legal. E que me substitui nas brigas com Cassiano, o que me evita parte do desgaste. A gente estava voltando do comércio, onde tínhamos ido comprar um HUB SWITCH, algo completamente novo pra mim até ontem, mas que já está servindo pra gente dividir um velox por 3 computadores.

Na verdade, minha última semana (e provavelmente a minha próxima) vão ser somente em função desse danado desse computador. Depois das dificuldades pra ele chegar, pra instalá-lo e pra conectá-lo provisoriamente à Net, Luciana (a dona da casa) veio pra gente com uma história de Dagda, um deus celta aparentemente muito importante, cujas imagens ela queria que a gente encontrasse pra ela no google. Pois foi só ela falar nesse Dagda que meu computador começou a dar pau de uma forma que eu já devo ter instalado o Windows umas 10 vezes nas últimas 72h. Mas, afinal, isso é só coincidência.

Pois bem: hoje, já com a Internet beleza de novo, lá vem Luciana com o Dagda dela pra imprimir na minha impressorinha linda e virgem. Foi só colocar o tal do bicho pra imprimir, que o papel engalhou. Só coincidência. Mas imediatemente a internet parou de novo. Só coincidência. E a impressora NÃO LIGOU MAIS. Mas é só coincidência. Nesse ponto, Luciana falou: "É, eu não tinha te falado antes pra não te deixar grilado, mas na primeira vez que eu fui imprimir uma imagem dela, há meses, a impressora travou e passou resto do dia sem ligar..." Mas foi só uma incrível coincidência.

Bem, cá estou eu numa lan house, rezando pro Blogger não dar pau depois que eu fizer o upload da imagem do tal deus...

www.whatthebleep.com

Em 1993, levaram 4000 esotéricos de muitos países para Washington, EUA, para passar 8 semanas meditando. A idéia era testar se isso, como indicavam estudos anteriores, teria efeitos sobre os índices de violência da cidade, que andavam altos. Pois bem, feitas todas as estatísticas, o crime foi reduzido em 25% durante o período. A tese é que tudo está interligado... O filme é "what the bleep do we know", que mistura ficção, documentário e muitos cientistas, para falar de física quântica, probabilidades, realidades paralelas e espaço-tempo... e como isso pode mudar sua vida. Imagino que pareça com livors como "o Tao da Física", que eu não li.

Infelizmente, o filme vai despencando pra lado da auto-ajuda, e aí tanto a historinha como os depoimentos degringolam. Mas também não dá pra querer julgar um filme desse como um filme comum. Até porque todos os cientistas têm cara e discurso de gente boa, feliz e resolvida, que quer ajudar os outros, e daí os conselhos.

No fim contas, vale a pena pelas reflexões levantadas. Até porque se tem algo em que eu possa vir a acreditar, é por aí...

Compromisso

Habemus net!

Finalmente chegou a Internet, instalada por dimitri, meu novo colega de casa. Ele é de Brasília, alugou o quarto que estava vazio, manja tudo dos esquemas pra burlar a Telemar e dividiu o velox daqui pra 3 computadores.

A conseqüência é: este é um blog que você lê e depois relê, porque agora ele tem fotos e-x-c-l-u-s-i-v-a-s tiradas por mim na Soterópolis e que modificam completamente o significado dos posts...hehehe...Modéstia à parte.

E modéstia à parte, tem uns amigos meus por aí que reativaram seus blogs nos últimos dias, sem mais nem menos, e mesmo eles não tendo assumido a inspiração, cabe aqui comentar que eu sei muito bem de onde surgiu a idéia. Não vou citar nomes; basta dizer que eles são branquinhos, magrinhos, e que mesmo sem serem irmãos, sempre as pessoas acham que ele é irmão dela, ou vice-versa.

Imagem do dia: cores aleatórias no espaldar da minha cama.

Depois de um longo e tenebroso inverno

A ausência prolongada se justifica em parte pelos 10 fichamentos que eu tinha que entregar segunda-feira (só entreguei 8), em parte pela dissertação que eu estou corrigindo agora (free-lance). De novidade, minha bela mesa em "L" está montada com o computador bem no meio, pra apoiar beeem os braços e não ter LER (que, segundo meu amigo médico Saulo, agora se chama DORT); a impressora-scanner nova chegou e finalmente tenho o MEU computadorzinho aqui por perto pra me confortar. Só a o internet ainda está pendente, mas é uma questão de dias. E quando chegar, me aguardem! Pois aí vamos ter "Primos Distantes" com imagens...muito mais emoção na sua telinha.Ahhhhhhhhhhhhhhh Importantíssimo! Vou ser titio!! Ana tá grávida!!!

Tiraram o bode da sala

Eu sei que a analogia não é perfeita, mas vamos lá. A história do bode na sala, simplificadamente, é: um cara insatisfeito coloca um bode pra viver em sua sala; fica ainda pior; então tira o bode e de repente se vê feliz da vida. Pois bem: eu estava naquela graduação sem absolutamente infra-estrutura alguma. Agora, que me vejo num curso com um mínimo de infra (e mais alguns mimos), ou seja, o que deveria ser apenas o "normal", meu sorriso vai de orelha a orelha como se isso fosse bom demais. Seguem-se, então as maravilhas da Pós-graduação em Arquitetura da UFBA: 1)Podemos dar telefonemas pessoais no telefone do programa 2)Podemos ligar pra celular, pelo celular do programa 3)Temos cafezinho grátis, à vontade, feito pela secretária do programa 4)Temos um banheirinho limpinho só pra nós 5)Temos 500 reais pra gastar em cada congresso que a gente for apresentar trabalho ..... Pode ser até que a pós-graduação brasileira já esteja sendo desmontada, como eu mesmo dizia há poucos meses. Mas pra quem vem da UFPB, o que ainda temos é quase suficiente. Apesar de não parecer, esse gramado aí é nosso predinho, que fica enterrado num subsolo, com vista praquela mata que aparece no fundo. E os elementos entre a árvore e o coqueiro são nosso telhado

A orgia perpétua

Quando minha amiga Maria Cecília falou que o mestrado dela consistia em ler 100 páginas de teoria por dia, esse medo passou a me acompanhar como uma sombra. Mas eis que hoje eu consegui ler 100 páginas de teoria. Li um historiador falando com entusiasmo da construção de séries de objetos e documentos os mais diversos. Me vi construindo séries de arcos, janelas, grades e balcões, desbravando e investigando como o Indiana Jones que sempre sonhei ser. E consegui explicar à mulher que me aluga um quarto que a beleza é um atributo cultural. Foi quase emocionante quando ela arregalou aqueles olhos de mais de cinqüenta anos dizendo "Mas olha... aquilo que eu acho bonito outra pessoa pode não achar..." Definitivamente, essa história de ler, pensar e aprender pode ser muito emocionante.

Cada esquina de Salvador tem uma música só pra ela

Itapuã, Candeal, Av. Sete, Curuzu, Amaralina e por aí vai. O caso é que hoje eu fui parar na Baixa do Sapateiro, procurando uma morena frajola e uma mesa pra computador, mas só achei a mesa. Tudo bem. Pior foi depois subir o Pelourinho inteiro a pé, descer pro Comércio, subir de volta a pé pela Ladeira da Misericórdia aí da foto (tinha gastado o trocado do Elevador Lacerda numa água de coco), descer de novo pra Baixa do Sapateiro e lembrar que não tinha levado cartão de crédito...

Cassiano

Não, desta vez o post não é triste ou pessimista; apenas irônico. Depois de uma aula maravilhosa (existem aulas na UFBA!) com uma professora maravilhosa (existem professores na UFBA!) eu não poderia deixar de estar feliz. Mas..................................................................................................... O cidadão que aluga quarto na mesma casa que eu quer me convencer que Anthony Garotinho é o presidente que vai resolver os verdadeiros problemas do Brasil. A argumentação é consistente: "Ele vai juntar Estado e Religião de novo, pra acabar com a imoralidade. Acabar com tudo que é viado, com tudo que é Carnaval, com tudo que é religião que não cristã. Bush é que tá certo, fazendo isso nos EUA. O fundamentalismo é a saída, e é por isso que eu estou mais próximo de qualquer terrorista islâmico do que daquele continente decadente, pervertido e sujo que é a Europa. Esqueça a razão, esqueça a dialética, o que importa é a revelação da fé. E quanto aos negros, vamos mandar todos de volta pra África, pra pararem de mijar na rua, sujar a praia e assaltar por aqui. Os EUA fizeram isso, criaram a Libéria, e só não deu certo porque os que voltaram ficaram todos vagabundando e tocando tambor.".................................................................................................. E esse cidadão é formado em Filosofia e me chamou pra ir dividir um apartamento com ele. Eu mereço!

Palmas, palmas

Havia muitas câmaras no lugar. Provavelmente, registros também. E uma igreja e o mar transparente por perto, afinal esta é a Bahia. O caso é que algumas horas atrás eu estava no meio da roda de samba de Dona Nicinha de Santo Amaro da Purificação, conduzido pelo braço dela própria.

Se isso mudasse alguma coisa, certamente poderia chamar de batismo. Mas ir e voltar sozinho prum show de Mariene de Castro no Solar do Unhão não é exatamente um acontecimento.

A propósito, a próxima pessoa que entrou na roda foi Dira Paes, que já está virando personagem deste blog. E esta foto é da lua na Barra, não no Unhão.

D. Elza

Tão novinho, vendo esse mar tão grande. Eu também vim dar uma volta, ver essa vista. Tá vendo aquele prédio lá longe, aquele com aquela cor? É lá onde eu moro. Também dá pra ver o mar, mas aqui eu vejo mais de perto. Vim esperar a minha filha, ela vai passar de carro naquela esquina, tá vendo?...............Vou te dizer uma coisa, sabe? A vida é uma bosta. Dinheiro não vale nada. Faz cinco meses meu marido morreu, saudável, não bebia, não fumava, teve um ataque fulminante e morreu. E agora, eu estou aqui... Tinha sido gerente de multinacional por anos, da Philips do Brasil, quando ele saiu pouco tempo depois a firma fechou, não tinha quem assumisse, sabe? O filho, veja só, é gerente de multinacional, também, mas é claro, a pessoa é produto do meio. Ele casou com vinte e três anos, a mulher já tinha um filho, eles tiveram mais uma, é minha única neta, tem dezesseis anos. Minha filha não casou, mora comigo. Ela administra as fazendas que meu marido deixou. Ele tinha fazendas, mas não era uma não, eram oito, criava carneiros de raça, Santa Inês, sabe? Fazendas imensas, eu queria tanto que minha filha vendesse... eu garanto que eu repartiria tudo a metade pra mim e vinte e cinco por cento pra cada um dos filhos... Mas olhe meu filho, não divida apartamento com desconhecido, não, a gente não conhece nem os filhos, cria de um jeito, direito, certinho, quando menos espera, eles estão aí nas drogas. Os meus, não, graças a deus, meu filho é gerente de multinacional, veja que coisa, o pai também era gerente de multinacional, mas é claro, a pessoa é produto do meio. Veja o cartão do meu marido, Philips do Brasil, cadê o outro cartão, que tinha o desenho de um carneirinho, ele tinha oito fazendas, criava carneiros de raça, Santa Inês....................

Um girassol na janela

Salvador é como o Rio, tudo misturado e morros pra todo lado, só que pior. Tudo meio favelão, prédios de rico com vista pros casebres. Essa foto mesmo, é a vista de onde fiquei hospedado na primeira semana. Nessas, acabei vendo cada buraco pra alugar, que eu vou te contar. Cortiço perde. Mas vi também lugares lindos com vistas lindas... e acabei ficando na Barra, num quarto legal num prédio legal, perto da praia e de um café maravilhoso onde vou poder esquentar meu coração. Claro que é provisório: não quero ficar o tempo inteiro na casa de estranhos. Mas enquanto não encontro alguém legal pra dividir um apartamento de verdade... vamos ficando nessa. Boa notícia final: vou ter um parapeito largo onde poderei colocar um vasinho de planta. Amanhã de manhã é a mudança.

Eu queria ser uma abelha pra pousar na tua flor...

E não é que domingo eu tava na praça tomando um café quando apareceu Luís Caldas (vem meu amor, vem com calor, no meu corpo se enroscar....) gravando qualquer coisa na calçada? Foi engraçado ver as garçonetes correndo pra ir tirar foto com ele. E falando em sub-celebridade, logo depois, no Pelourinho, vi uma coisa superinteressante que eu nunca tinha visto: uma filmagem de cinema mesmo, com película e tudo na minha frente, a 10m. O filme é "Ó pai, ó", diretora Monique Gardenberg, é quem tava lá comprando acarajé à baiana cenográfica era Dira Paes, vulgo Solineuza. Fiquei bem uma hora acompanhando o "Acabou o rolo, ajeita essa luz, faz de novo por favor..."

As primeiras 24 horas

Cheguei em Salvador ontem, sexta-feira; o Carnaval, por incrível que pareça, já acabou e a cidade já voltou ao normal.

Estou na casa de Chico e Lucinha; eles são gente boa e além do mais paraibanos. Estou tendo um affair com sua cocker spaniel, chamada Duna, o que de certa forma compensa o pouco diálogo com seus filhos.

Ontem jantei churrasquinho de gato em grande estilo numa cobertura no Rio Vermelho. Hoje a Oi e a Claro se recusaram a me vender um celular porque eu não tenho um endereço.

Vi o novo filme de Woody Allen: é bom e sério, vejam.

E la nave va...

Um prólogo

Pessoas!

Este é o primeiro post do nosso primeiro blog e está servindo como teste, então não esperem grande coisa. Se você chegou até aqui, deve saber que a idéia do blog é servir de diário de viagem meu em Salvador e de Simone em Salamanca... Queremos mandar notícias para a família e os amigos, manter o contato com todos e nos apoiar mutuamente. Ela topou a idéia mas ainda não sei quando será seu primeiro post; por enquanto, contentem-se com este humilde rapaz que ora lhes escreve.